Nossa viagem atrazou e não deu para almoçar com a Marina em São Paulo. Entrando na Marginal, telefonei a ela, dizendo que não chegaríamos a tempo. Ela sugeriu que fôssemos ao Le Vin da Alameda Tietê, tinha ido lá na noite anterior, e comido um delicioso steak tartare.
A meu lado, dirigindo seu Subaru, meu brother mais velho acatou na hora, fazendo sinal positivo com o dedo.
"Steak Tartare !..." soou bonito em meu cérebro, água na boca, imaginei um filet alto, well done, e molho tártaro. Mas, como "quieto por inteligente passa", já dizia o saudoso sambista, conformei-me.
O brother, insigne cozinheiro, enólogo de vasto entender, feliz, contribuiu a inundar meu apetite.
Chegamos ao restaurante às quatro da tarde, ele examinou a carta de vinhos, pediu um tinto chileno e dois steaks tartare. Eu, quieto.
Veio o pão, a manteiga geladinha, comi lembrando meu médico. Hoje, só hoje, pode, estou com o brother e com ele pode tudo.
Veio o chileno, ele balançou a cabeça, o garçon serviu. Comecei a imaginar o filet, irresistível mignon 'no ponto', rodeado de batatas fritas, pensei outra vez no médico. E na flôrr !
No primeiro gole, entrou no restaurante o velho amigo do brother, já carequinha, só uns poucos cabelos no rodapé, fazia anos que não o via. Conversamos um pouco, ele seguiu, foi almoçar com os filhos.
E meu filet ?
Chegou ! Alívio !
O garçon pôs o prato na minha frente, olhei desapontado. Meu olhar revelou decepção. O brother deu sonóra gargalhada. (Logo ele, que é acanhado).
- Eu sabia que você não sabia o que é um steak tartare !!! KKKKKK !
Moral do história: comi um prato que não havia pedido, doce ignorância. Gostei, e o garçon, que a tudo percebeu, divertiu com minha gafe. Comentou com o chef...
Foi assim que conheci essa maravilha da cozinha francesa, que o chef Marcilio Araujo deu uma abrasileirada, adicionando a tal batata frita ao filet mignon moído e crú, temperado com mostarda de Dijon, tabasco e alcaparras, servido com molho de ervas e pimenta rosa em grãos.
Uma delícia.
(Outro dia fui ao Le Vin do Rio, pedi o mesmo prato. Não é igual ao da Tietê.)
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Um comentário:
Viver, comer e aprender!
Eu, particularmente, sempre como esse prato no Le Vin! Como é perto da casa da Paula, vamos a pé!
No meio do caminho tem outro, e aí, Árabe, onde como quibe cru, que no frigir dos ovos ( nenhum deles tem ) é a mesma coisa. Mudam o nome e o tempero, mas a carne moída e crua, é a mesma!
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