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quarta-feira, 22 de abril de 2009

MEU AMIGO J.H.N.


Um velho amigo morreu semana passada, escrevi um e.mail a sua mulher:

Minha Querida J.
Quando cheguei a Pira para estudar agronomia, eu tinha quase vinte anos, havia perdido um ano repetindo o primeiro científico e outro na faculdade carioca. Quando vi-me aprovado na ESALQ, abriu-me nova vida, muitos sonhos e a vontade de sair por aí a abraçar o mundo. Logo vi, porém, que não estava preparado para enfrentar a diversidade das pessoas que vieram habitar esse novo mundo, eu vinha de outro, egocêntrico, homogêneo, insípido, igual. Quando vi, estava na vala das difusas fisionomias, dos humores bipolares, das éticas diversas e por vezes, desrespeitosas.
Na marra, conheci o bem e o mal, também o mais-ou-menos, e, ainda bem, conheci aqueles a quem me valeram mais. Conheci nosso João de Cosmópolis, dois anos mais moço, brilhante nos estudos, bem mais que eu. O mundo daí para frente, abriu-se qual fenda depois da enchurrada, e a verdade do futuro, prevaleceu.
Foi nesses dias de trote acalorado pelos guetos da Noiva da Colina que conheci meu amigo. Éramos da mesma turma, mas parecia que ele já estava lá há mais tempo, dada sua desenvoltura, sua falta de vergonha, no bom sentido. João revelou-se a mim como um velho conhecido. De cabeça rapada, grandão e desengonçado, nada tinha do futuro João, cativante político e pai de família.
Naquele começo, onde brotavam agricolões vindos dos mais diversos confins, dos grotões e das capitais, eis que surge João para ajudar-me compreender a nova vida.
Os anos passaram, ficamos amigos, moramos na mesma república, conheci-o bem. Ficou charmoso, envolvente, às vezes simpático, outras nem tanto, mas sobretudo, Amigo.
Dentro de sua desajuizada altivez, pasmem!, imperava o equilíbrio. Sua presença reverberava os sentimentos mais sinceros, por vezes extremados, indo da alta voz e do movimento brusco ao choro comovido. Quando via necessidade, sabia pisar chão firme, era homem de fino trato.
Sua inteligência acima da média ele a negligenciava, até com desprezo. Ou, sutilmente, dava-a valor, mas, na moita. João vivia na dele, quando triste, na tristeza via um pouquinho de felicidade. Era polêmico até nisso !
Depois que saímos da faculdade cada um foi para seu canto, pouco nos encontramos, e já se vão quarenta anos. Mas toda vez que nos víamos, parecia que havíamos nos encontrado... ontem.
JHN, que bom ter contigo convivido, e que Deus o tenha.
E a você, J. e família, meu afeto e um forte abraço. Aloísio.

2 comentários:

Anônimo disse...

Demorou mas saiu! Ainda que anonimamente!

Anônimo disse...

Aloisio,

não vou mais comentar aqui neste blog! Blog que não responde comentários não merece te-los!

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