JÁ ESPETEI MUITO ESSA BUNDINHA !...

- Já espetei muito essa bundinha !...

Muitas vezes ouvi Caíto dizer essa frase.

Ele era o farmacêutico da fazenda, e quando passava uma crioula boazuda em frente à farmácia, soltava essa, como quem não quer nada, além do prazer de dizê-lo.

Nos seus muitos anos de profissão, além de ser juiz de futebol aos domingos, por suas mãos passaram todas as lindas e não-lindas bundas da fazenda; tambem outros bumbuns importantes ele apalpou: a do fiscal-geral, creio que até a do patrão. Peluda e cheia de cravos, segundo consta.

Caíto também ressucistáva-nos de homéricos porres - ele tinha um coquetel de glicose com não-sei-o-que, era pá-buf, uma dose na veia e estávamos prontos para outra. Ele próprio a usava muito, bom bebum que era, cachaceiro de valor, e isso ajudou aprimorar sua quimica.

Outra sua atividade, dentro da farmacopéia, eram seus conhecimentos anti-venéreos, se é que assim podemos nomeá-lo. Curava de gono a cancro, duro e mole, tinhoso, já que também era um fudedor, não engazopava (quase) nunca !

Semana retrazada, tive notícia, já velhinho, deram-lhe o título de cidadão honorário da cidade, ele era mineiro. Agradecido, e achando aquilo um exagêro, chorou ao receber a comenda.

Caíto morreu ontem, cirrose.

Que Deus receba-o, faça-o sentar ao lado de Madre Tereza, ela merece.