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segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O ZÍPPER ASSASSINO


Já diziam os velhos sábios, o que vale na vida é a experiência.

Mas, como definir "experiência" ?

Num sentido primário, a ligamos às sensações e à percepção de tudo aquilo que sentimos.
René Descartes, aquele mesmo que criou o eixo cartesiano, sem o qual os estatísticos seriam órfãos, também cuidou deste tema: uniu ilusão e alucinação á experiência e chegou ao que chamou de realidade objetiva. A experiência é a complementação da consciência, que vem a ser a série de fatos que nos ocorrem e que vão se somando e se amontoando na larga estante da nossa mente.

A experiência acontece, não é algo que se faz ou se provoca. Não queremos, simplesmente acontece.

Comecei com essa conversinha para ilustrar um fato marcante.

No final do século retrazado, um norte-americano patenteou um sistema de fecho, feito de ganchos e fendas que se agarravam ao abrir e ao fechar. No começo esse tipo de fecho era usado para bolsinhas de guardar tabaco, certamente substituindo as bocetas lusitanas, com vantagem até no uso etimológico de tal palavra. Que hoje leva outro significado, bem mais palatável.

A seguir, a marinha norte-americana começou a fabricar casacos com esse fecho na frente, que chamaram "zípper". Que passou a ser usado também nos sapatos e na barguilha das calças jeans.

Os cariocas adotaram junto com os franceses, o nome do fabricante, Monsieur Éclair, e chamam o zípper de "fecho éclair". Os paulistas seguiram os yanques, chamam-no de zípper, mesmo.

Chamei zípper por muito tempo, agora digo fecho éclair...

O que tem a ver a "experiência" com o fecho éclair ?

Explico: o amigo Caçador-de-Macucos (que Deus o Tenha), ensinou-me que o uso da cueca era dispensável quando usávamos calça jeans. Atenuava o calor. Bastava usar uma camisa longa, porque como ele dizia, o ultimo pingo é sempre dela !

Aboli a cueca.

Veio então o problema, razão dessas linhas. Por duas vezes, ao subir o zípper (hoje, fecho éclair), a falta de experiência causou-me infortúnios: a rapidez ao subi-lo, aliado a distração, fez com que o fecho éclair (outrora, zípper), mordessem meu querido apêndice. Doeu. Muito. Saiu um pouquinho de sangue, mas solucionei o fato que certa habilidade. Devagarinho.

A segunda vez, lembro, e como lembro, foi no banheiro de um botéco em Maceió, numa terça-feira gorda. Dessa vez foi trágico, o "sistema" mordeu meu saco, separando-o em lado norte e lado sul. Mais pra norte que pra sul.

Fui parar no pronto-socorro, urrando no banco de trás de uma kombi, e eu, para tampar minha vergonha ensangüentada, usei uma lata de cêra Parquetina, vazia (óbvio), com a boca para baixo. Não havia médico, não tinham obrigação de lá estar, era carnaval, num sabe ?

Um enfermeiro, jeitoso e delicado, com alguma boa vontade e muita xilocaína para amenizar a dor, demorou dez minutos para separar o norte do sul. Minutos que para mim foram horas. Mas deu tudo certo, deu até para voltar para a avenida. De pernas abertas e imprestável por uns dias.

A "experiência" dessas duas ocorrências eu as devia tomar como norma para nunca mais se repetir. Contudo, preferi conferir mais a tradição, voltei a usar cueca, e subir o fecho éclair (ou o zípper, como queiram), com todo o cuidado desse mundo.

E mandar Descartes para aquele lugar !






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