AS CERVEJINHAS DO DÉCIMO ANDAR

2a. CARTA: AS CERVEJINHAS DO DÉCIMO ANDAR

Queridos vizinhos do"Nova Friburgo", volto a enviar-lhes comunicado, para dar-lhes ciência de outros fatos.

Eu estava voltando da rua, numa dessas tardes, quando encontrei na garagem o Sr. Engenheiro responsável pela obra do décimo andar, conterrâneo de Camões, com certeza vascaíno de coração. Perguntei-lhe:

- Está de acordo com a lei, seus operários pernoitarem na obra nos finais de semana ?

O Sr. Engenheiro, tomado de surprêsa diante de tal indagação, veio-me com essa:

- É e não é... Precisam lá ficar para no caso de chover, cobrirem a obra com um plástico.

Nesse instante, eu, cá com meus botões, vi-me numa encruzilhada. "Que resposta mais evasiva...". Até hoje, sempre achei que o que é, não pode ser o que não é. E vice-versa. Ao contrário...

Continuava, pensativa, a indagar meus botões, quando notamos, ele e eu, a presença de um de seus operários, passando por nós, com uma cesta cheia de latinhas de cerveja.

Prontamente, não sei se por causa de minha presença ou não, novamente a dúvida tomou conta de mim, o Sr. Engenheiro admoestou severamente seu subordinado, subraindo-lhe as latinhas...

Meus queridos vizinhos, não tenho nada contra a cerveja. Aliás, tenho muito a favor. Nada como uma cervejinha numa tarde quente. Mas, em pleno décimo andar do edifício que residimos, várias pessoas que nem conhecemos fazendo uso de bebida alcoólica, sou veementemente contra.

Não que eu queira ser chata, eu poderia apenasmente (como diria o Bem-Amado) escrever tal fato no livro de ocorrência do condomínio, e poucos iriam tomar conhecimento. Por isso tomo a liberdade de, novamente, escrever-lhes.

E escreverei quantas missivas achar necessário, visando a volta à nossa normalidade.

Sendo só por ora, sou grata. a) MV Rio, 8.8.2010